Um acidente de trânsito sob 4 olhares
Pulei da cama como uma ninja! Ainda tive que acordar o Mauro. Parece que esquecemos de programar o despertador. Hoje será uma loucura!
Rapidamente nos arrumamos e nem comemos nada, a não ser um pão seco com café sem açúcar, muito rapidamente.
Me esqueci que tinha que deixar o dinheiro da diarista (que já estava iniciando seus trabalhos) enquanto falei para o Mauro ir na frente ligando o carro. Foi aí que ela me perguntou sobre os enxovais que eu fiquei de separar para doação. Sim, eu lembrei que havia prometido a ela uma contribuição para caridade da igreja que ela frequentava.
─ Ai Rosa... será que pode ficar para semana que vem? Eu me esqueci e hoje estou superatrasada.
─ Ah sim senhora! Mas é em duas “semana”. Tenho que pegar semana que vem sem falta.
Acenei com a cabeça e saí correndo em direção à garagem.
Voltei.
─ Rosa! Lembra de limpar atrás daquele móvel que te falei, tá?!
─ Ah sim senhora, eu já ia começar lá agora mesmo. Tenha um bom dia senhora!
Mal entro no carro, o Mauro já dá a partida e sai arrancando! Se fosse asfalto tinha cantado o pneu! Que absurdo! Nenhum compromisso justifica tanta estupidez.
─ Aaaiii!!!
Ele me ignora completamente! Já vou logo afivelando o cinto de segurança porquê... Do jeito que a bruxa está solta hoje...
Foi aí que eu senti um tranco e meu corpo foi projetado para frente. Se não estivesse com o cinto eu teria me machucado gravemente. O Mauro pegou em cheio a porta lateral do motorista de um Celta, quando estava saindo de nossa garagem. Nem podia ser diferente; com pressa, sem olhar para o lado de onde ela veio e arrancando o carro naquela velocidade...!
A perda foi grande foi na porta dela. Ai que chato isso, viu?! Tive que empurrá-lo para fora do carro; de forma ele fosse lá prestar alguma assistência ou explicação para a motorista (é uma mulher). E parece que tem uma criança atrás. Acho que elas estão meio assustadas. Também... não pera para menos com o estrondo que houve!
Peguei o telefone e já liguei para a companhia de seguro. Já sei que o estrago vai ser grande para o nosso lado... Como eles não me atenderam resolvi sair e acalmar as duas. Parece que é uma menininha no banco de trás. Ainda bem que estava na cadeira de crianças. Deve ter machucado o pescoço ou algo assim, pois está com a mãozinha sobre a nuca. Estou preocupada. A mãe nem consegue levantar-se. Também, a porta amassada do jeito que está não abre. Vai precisar de ajuda para sair pelo lado do carona.
Eu olho para o Mauro e ele está falando com alguém. Ele parece meio paralisado. Quem será aquele de uniforme conversando com ele? Mas não é o trânsito; como poderia(?) ninguém chamou!
─ A senhora está bem? Por favor, se acalme... eu vou ajudar a senhora, ok? Meu nome é Sara...
Texto de autoria de
Kenio Nogueira
Escritor, poeta e autor do blog Novelas do Kurushetra.
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