Homenagem a Carlos Augusto Lopes

Quem pode definir o que é a amizade?

De fato, e objetivamente, só quem já sentiu uma verdadeira e pura amizade.

Eu tive a honra e o merecimento de conhecer e experimentar a sublimidade de conviver com ela, através de um verdadeiro Amigo.

Muitas palavras agora não dirão nada.

Poucas palavras, nesta hora, devem ser escolhidas com cuidado...

Só eu e ele saberemos o que sentimos e vivemos nessa convivência, de ao menos 21 anos.

Ah... se todos tivessem amigos como ele. Era Carlos Augusto Lopes. Mas, muito mais do que isso, era o meu Caro Augustus em honra à vida; em honra à Obra!

Nunca me julgou. Nunca me criticou. Nunca brigamos. Mas sabia dizer-me o que queria, quando precisava. Discordávamos as vezes, mas sempre chegávamos à neutralidade das pontas opostas. Conseguíamos achar os porquês e adicionávamos razões aos corações.

Companheiros de formação acadêmica em eng. química, brincávamos com palavras e substâncias. E fazíamos de nossas palavras as substâncias que nos coligavam em iônicas ligações.

Sempre apto a me ajudar como fosse possível (e por vezes até impossível). E dizia: “Mexeu com você, mexeu comigo!”

Ligava-me todas as semanas durante esses 21 anos... às vezes nas horas mais impróprias, e estava tudo bem. Não tinha feriado, viagem, final de semana ou segunda-feira. Ele ligava sempre para saber como eu estava e eu como ele andava (e ele dizia que não andava; estava sentado, falando comigo!).

E agora os dias ficarão mais silenciosos, pois o telefone não toca mais.

Versávamos sobre coisas sérias, sublimes, mas também banais. Ouvia as piadas infames das quais ele se orgulhava e fazia sempre questão de me contar uma ou duas a cada ligação. Era certo que eu também pregava umas nele... E ele revidava com mais 3 ou 4 na sequência. Não havia competição com ele. Era imbatível nas piadas infames. E dizia que só era uma piada “inFame” porque não poderia ser “inLorenzetti”.

Um coração do tamanho do universo. E dizia que o meu era igual... Que percebeu isso num dos escritos meus... que a partir daquele momento jamais me deixaria (para meu azar, fala ele). Para minha sorte; digo eu, agora.

E tudo começou no sul de Minas, ao virar para mim – trajando aquela roupa azul e perguntando: “Você é o Kenio Nogueira?” Ao que eu respondi que sim. E ele: “Prazer, Carlos Augusto Lopes!”, estendendo a mão para me cumprimentar. E nunca mais paramos de nos falar.

Um professor da vida. Um professor da amizade.

Dia 14 de julho de 2025 ele se foi.  Uma segunda-feira... Mais um motivo para não gostar desse dia... E os franceses sabem bem daquela data. E ele falava um pouco dessa língua, além do russo, inglês, e outras línguas perdidas por aí. Um pouco de cada. O suficiente para me ensinar a apreciar a cultura por trás delas. E ele dizia que tivera encarnações por ali, na velha Europa, eslavo, celta, etc. por isso tinha facilidades.

Hoje e sempre, te dedico essas singelas palavras, meu caro Irmão. Mano, como costumávamos nos chamar. Estou certo de que estais num belíssimo lugar agora, mais vivo do que nunca.

Só tenho dó dos Seres que estão aí contigo, pois terão que conviver agora com suas piadas infames pela “eternidade”!

Para sempre meu muito obrigado por ter tido a honra de tua amizade nessa vida.

Até sempre e sempre contigo em meu coração!

Até sempre meu Venerável Irmão e Amigo Carlos Augusto Lopes!

Viva a nossa Obra, Nobre Cavaleiro!

Viva a pureza de nossa eterna amizade na Idade de Zaim!

Até sempre!